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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Método Paulo Freire

TRABALHANDO COM A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS


RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO (Paulo Freire).



Método Paulo Freire: alfabetização pela conscientização
Foto retirada do site: Wikipédia


O Método Paulo Freire consiste numa proposta para a alfabetização de adultos desenvolvida pelo educador, o método nasceu em 1962 quando Freire era diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife onde formou um grupo para testar o método na cidade de Angicos, RN onde alfabetizou 300 cortadores de cana em apenas 45 dias, Freire criticava o sistema tradicional, o qual utilizava a cartilha como ferramenta central da didática para o ensinar da leitura e da escrita. As cartilhas ensinavam pelo método da repetição de palavras soltas ou de frases criadas de forma forçosa, que comumente se denomina como linguagem de cartilha, por exemplo “Eva viu a uva”, “o boi baba”, “a ave voa”, dentre outros.
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”(Paulo freire)
 O método propõe a identificação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo, "tijolo" para os operários da construção civil.  Diante dos alunos, o professor mostrará lado a lado a palavra e a representação visual do objeto que ela designa. Os mecanismos de linguagem serão estudados depois do desdobramento em sílabas das palavras geradoras. O conjunto das palavras geradoras deve conter as diferentes possibilidades silábicas e permitir o estudo de todas as situações que possam ocorrer durante a leitura e a escrita.
"Em sala de aula, os dois lados aprenderão junto, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo".(ROMÃO, José Eustáquio, Revista Nova Escola p.2)
A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo Freire, ele propôs o que chamou de Temas Geradores, onde o educador e educando em sala de aula aprendem juntos, a diversidade pode contribuir para o dinamismo da aula, para o despertar do interesse, da atenção e do envolvimento, garantindo a todos a possibilidade de se expressar sobre aspectos da realidade, mantendo uma ligação com o universo conhecido deles, impulsionando-os para novas descobertas, pois aprendemos melhor aquilo que temos interesse em conhecer. Os Temas Geradores ajuda a organizar o trabalho de sala de aula porque possibilita uma aprendizagem significativa.

 “Os conteúdos de ensino são resultados de uma metodologia dialógica. Cada pessoa, cada grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se parte. O importante não é transmitir conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma de relação com a experiência vivida. A transmissão de conteúdos estruturados fora do contexto social do educando é considerada “invasão cultural” ou “depósito de informações” porque não emerge do saber popular".

A proposta de Freire parte do estudo da realidade que é a fala do educando, e a organização do dado que é a fala do educador, surgindo os Temas Geradores da problematização da prática de vida dos educandos e os conteúdos de ensino que são resultados de uma metodologia dialógica.

"Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo". (ROMÃO, José Eustáquio, Revista Nova Escola p.2)

Etapas do método

  1. Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.
  2. Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através da análise dos significados sociais dos temas e palavras.
  3. Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada.
As fases de aplicação do método

Freire propõe a aplicação de seu método nas cinco fases seguintes:
  • 1ª fase: Levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase ocorrem as interações de aproximação e conhecimento mútuo, bem como a anotação das palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu linguajar típico.
  • 2ª fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de riqueza fonética, dificuldades fonéticas - numa seqüência gradativa das mais simples para as mais complexas, do comprometimento pragmático da palavra na realidade social, cultural, política do grupo e/ou sua comunidade.
  • 3ª fase: Criação de situações existenciais características do grupo. Trata-se de situações inseridas na realidade local, que devem ser discutidas com o intuito de abrir perspectivas para a análise crítica consciente de problemas locais, regionais e nacionais.
  • 4ª fase: Criação das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para os debates, as quais deverão servir como subsídios, sem no entanto seguir uma prescrição rígida.
  • 5ª fase: Criação de fichas de palavras para a decomposição das famílias fonéticas correspondentes às palavras geradoras.

O trabalho com o tema gerador na EJA fase I, possibilita a interdisciplinaridade integrando as disciplinas Língua Portuguesa, Matemática, e Estudo da Sociedade e Natureza, desenvolvendo temas que estejam relacionados com o dia-a-dia dos educandos, partindo de sua realidade e valorizando a sua vivência, através de músicas, poemas, textos informativos e reflexivos, além de facilitar a assimilação dos conteúdos, favorece a integração do grupo.

COLOCANDO EM PRÁTICA
Trabalhando com tema gerador em sala multisseriada- 1ª a 4ª etapa: 
Exemplos: 
Sugestão de Atividades: Tema Gerador FAMÍLIA (minha realidade)
Marcadores: oficina de capacitação EJA 2012
Sugestão de Atividades: Palavra Geradora VIDA ( Valéria Souto)

Ver também fontes pesquisadas:

BRASIL ALFABETIZADO: experiências de avaliação dos parceiros, disponível em: http://pt.pdfsb.com/readonline/596c684865517830566e4a344458316855513d3d-1286946. Acessado em 13/11/2012

MÉTODO PAULO FREIRE, disponível em:


Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência, disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/mentor-educacao-consciencia-423220.shtml?page=1. Acessado em 13/11/2012


Paulo Freire, Vida e obra. Disponível em: http://www.educacaonaescola.com.br/paulo-freire/. Acessado em 10/10/2012

Paulo Freire, Relação Professor Aluno, vídeo disponível em:
http://youtu.be/-NQzQlPrQwQ. Acessado em 10/10/2012

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

TRABALHANDO COM A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS



 O QUE A ESCOLA REPRESENTA PARA OS JOVENS E ADULTOS
Ao pensar sobre quem é o aluno ou a aluna da EJA, é importante que nos perguntemos: O que a escola representa para eles? Partindo do que nos mostra a realidade podemos pensar a escola sob diferentes perspectivas: a escola como espaço de sociabilidade, de transformação social, a escola como espaço de construção do conhecimento.

ATIVIDADES QUE AJUDAM A CONHECER COMO ALUNAS E ALUNOS PENSAM A ESCRITA



CARTÕES PARA LEITURA
As atividades sugeridas ajudam o(a) professor(a) a conhecer alguns dos conhecimentos que o(a) aluno(a) traz consigo em relação à forma como a escrita se organiza. O objetivo da atividade é criar situações onde o (a) aluno (a) demonstra sua idéia de escrita através do que considera possível de ser lido.
Para esta atividade é preciso preparar uma série de, no mínimo, 10 cartões com: palavras reais com número variado de letras (2,3,4, mais que 5), escritas com letras repetidas, com letras não convencionais ou de outros alfabetos, símbolos ou sinais não verbais.



A atividade consiste em:
a) separar os cartões em “o que dá para ler” e “o que não dá para ser lido”;
b) Explicar o motivo de cada classificação.
Esta é uma forma simples de conhecer:
- a familiaridade com a escrita (o que é letra, o que não é);
- o que é considerado básico para um grupo de letras ter sentido (a variedade das letras, a necessidade de um número mínimo de letras para poder dizer alguma coisa, e outras particularidades mais...  (caderno 1 - P.42-43)

O RECONHECIMENTO DAS MARCAS, DOS RÓTULOS
Mesmo não se tratando de uma leitura convencional esta atividade indica a relação entre o(a) aluno(a) e a escrita presente em sua volta. Para ser significativa esta atividade é importante que o (a) professor (a) monte um quadro com palavras presentes no lugar onde os alunos se encontram: nas ruas por onde andam, nos mercados, farmácias, lojas onde compram, nas revistas, jornais que folheiam, ou ainda objetos ou produtos que têm em casa...
Depois é só pedir que aponte os nomes que ele conhece dizendo o que está escrito.
O(a) professor(a) anota as respostas.O conjunto delas, dará a ele, referências relativas a observação, interesse e reconhecimento de palavras ou logomarcas conhecidas, quando fora dos seus contextos ...




A ESCOLA COMO ESPAÇO DE CONHECIMENTO ESPECIALMENTE DA ALFABETIZAÇÃO

O conhecimento ocupa parte considerável do trabalho que a escola realiza; o encontro entre alunos e seus professores e o diálogo que estabelecem são, por essência, atos de conhecer. Um conhecimento se caracteriza pelo conjunto de saberes produzidos pelos homens em sua busca incessante de explicar o mundo e a si mesmos. Um conjunto que poderíamos comparar à confecção de um tecido, no qual os fios formam tramas e estas os tecidos, de modo que todos estão inter-relacionados; um tecido construído social e individualmente.

“... um adulto pode ser analfabeto, porque marginalizado social e economicamente, mas, se vive em um meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, se se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado, se recebe cartas que outros lêem para ele, se dita cartas para que um alfabetizado as escreva (...) se pede a alguém que lhe leia avisos ou indicações afixados em algum lugar, esse analfabeto é, de certa forma, letrado, porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas sociais de leitura e de escrita.”
Magda Soares


O domínio de um conhecimento não pode ser tratado, então, como uma competência individual e nem é possível falar de estruturas de pensamento superiores ou inferiores, melhores ou piores. Antes, as diferenças entre um e outro saber são apenas culturais.  (caderno 1 - P.35-36)
Caderno 1:Alunas e alunos da EJA