TRABALHANDO COM A EDUCAÇÃO DE JOVENS
E ADULTOS
Coleção publicada
pela SECAD/MEC
São cinco cadernos
temáticos, que contribuem para a prática de sala de aula dos
educadores e educadoras da educação de jovens e adultos.
O material apresenta
situações concretas e permite a visualização de modelos que podem ser
comparados com suas práticas, a partir das quais são ampliadas as questões
teóricas.
Disponível em: http://forumeja.org.br/node/887
UMA VISÃO SOBRE
O LUGAR DOS CONTEÚDOS
Essa escola, que se
volta inteira para os alunos jovens e adultos, tem a tarefa essencial de pensar
e definir os critérios de escolha do que deve ensinar e o lugar que devem
ocupar os conteúdos.
Devemos considerar que o sentido de aprender, nas classes de EJA, está
no encontro dos alunos com a satisfação de suas necessidades e expectativas.
Estas foram se construindo ao longo da vida, a partir e no contexto de
sua cultura. É desse lugar, ou seja, de sua cultura, que os alunos partem e
podem atribuir sentido ao conhecimento. (caderno 2 - P.9)
No começo dos anos de 1960, Paulo
Freire levantou uma questão fundamental para a educação: a importância de se trabalhar com temas significativos para os alunos. É
a mesma com a qual nos ocupamos agora, neste momento da nossa conversa sobre a sala de aula e a perspectiva dos conteúdos.
Paulo Freire propôs o que chamou de TEMAS
GERADORES: educador e educando debruçam-se sobre aspectos da realidade que, mantendo ligação com o universo conhecido deles, são capazes de impulsioná-los para novas descobertas.
(caderno 2 - P.11)
Trabalhar com temas geradores ajuda a organizar o trabalho de sala de aula
porque possibilita uma aprendizagem
significativa. (caderno 2 - P.12)
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PARA SABER MAIS SOBRE TEMA GERADOR
Relato de experiência (caderno 2 - P.12)
“... O primeiro tema que eu e Marli decidimos
trabalhar foi o que chamamos: Quem sou eu?
Comecei distribuindo para todos os
participantes do grupo um crachá em branco. Fui perguntando o nome de cada um e
enquanto falavam ia escrevendo-os no quadro de giz. Perguntei depois por qual
nome eram conhecidos e, desta vez, fui escrevendo no crachá, com uma letra de
forma grande. No outro lado do crachá escrevi o nome inteiro.
(caderno 2 - P.12)
Todos colocaram os crachás com os nomes
menores e fizemos muitos exercícios andando pela sala..
_ Pedi que procurassem algum
colega com um nome que começasse pela mesma letra do seu;
_ Que fizessem grupos de
pessoas que tinham no nome o mesmo número de letras;
_ Que fizessem grupinhos de
pessoas com nomes que terminava igual;
_ Que fizessem uma fila
começando com o nome menor e acabando com o maior.
Passamos a trabalhar com papel e lápis. Todos
tinham uma folha em branco e copiavam nela o nome que estava no crachá.
Pedi, então, que procurassem nas caixas de
letras que havia na sala, a letra inicial do nome deles, e que depois colassem
a letra encontrada na mesma folha.
Foi a maior confusão, porque um número
razoável de participantes não conseguiu encontrar sua letra. Chegando mais
perto, notei que a dificuldade estava no fato de pegar as letras recortadas e
não saber em que posição colocá-las. No dia seguinte, resolvi esta questão
porque colei nas tampas das caixas o alfabeto e, assim, quem tinha dificuldade
podia observar o modelo para se orientar. Enquanto procuravam e colavam sua letra,
escrevi no quadro os nomes deixando um espaço na frente deles.
Pedi que fizessem grupos de 2 em 2 e falassem
um pouco de si mesmos para o colega. Contassem como eram, as coisa que
gostavam, as que detestavam, o que faziam durante o dia, se tinham filhos,
marido, mulher, o que gostariam de aprender etc... (caderno
2 - P.13)
Pedi então que cada um escolhesse uma palavra
parecida com ele
(ou ela) e que servisse para completar uma
frase do tipo: “Mara é ............................................”
Pedi que dissessem a palavra escolhida e fui
preenchendo os espaços deixados no quadro:
ANA É BRIGUENTA
BRITO É TRABALHADOR
ANTÔNIA É ALEGRE
ROSA É CALADA
JOSÉ É JARDINEIRO
CÍCERO É PAI DE 5 FILHOS...
Pedi que cada um escrevesse a sua frase no caderno.
No dia seguinte, escrevi no quadro as
características de cada um.
À medida que chegavam procuravam a sua e escreviam pelo menos a primeira letra do seu nome.
(Avaliação formativa ) 1
Dos 23 alunos que tenho, 8 encontraram sua
característica e escreveram o nome com grande facilidade; 7 precisaram olhar no
caderno para poder reconhecer a palavra; 4 precisaram fazer várias tentativas
até acertar; e 4 não se lembravam mais da característica que tinham dado a si
próprios e tiveram imensas dificuldades em encontrar esta característica no
quadro...
Eu queria que todos conhecessem algumas
palavras para ajudar a pensar na forma como se escreve. Por este motivo,
registrei na folha de cada um três palavras que gostariam muito de escrever.
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Foi
interessante porque as palavras foram quase todas nomes próprios de filhos, namoradas,
marido e mulher. Alguns queriam o nome da cidade onde nasceram. (caderno
2 - P.14)
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RODAS DE CONVERSA
Uma rotina voltada para a formação do grupo deve contemplar um espaço diário para conversas.
É muito comum, em classes de EJA, que os alunos
iniciem conversas sobre os mais diferentes temas. Não podemos esquecer que
a escola é, para estes homens e mulheres, também
um espaço de sociabilidade.
Além disso, se falamos de jovens e adultos, falamos
de pessoas com opiniões acerca dos mais diferentes assuntos e que, por essa
razão, têm muito o que dizer, especialmente a respeito do mundo social.
O espaço diário de conversa é o lugar da construção
de afinidades e de uma intimidade. Aos poucos, cada um vai conhecendo melhor o
jeito de pensar do outro, quais são seus
valores, como se expressa, as marcas
da sua fala. Os mais velhos
certamente têm muito o que dizer pelo próprio tempo vivido. Os mais jovens podem expor as questões que os
ocupam, as expectativas que têm, as esperanças que os movem, os temores que
sentem.
Muitos são os temas
e propostas que o (a) professor(a) pode trazer para iniciar as rodas de conversa, para que elas possam se
configurar como:
- Momento em que os alunos emitem suas opiniões sobre
um determinado tema, trazido por eles mesmos ou pelo (a) professor(a);
- Momento em que decidem os rumos de um
projeto, um estudo, uma visita a algum lugar significativo da cidade;
- Momento em que apreciam uma imagem, uma história;
- Momento em que analisam uma notícia, um
acontecimento na comunidade local ou no mundo, uma nova informação;
- Momento em que dão notícias acerca de sua própria
vida dentro e fora da escola;
- Momento em que avaliam seu percurso no caminho do
conhecimento e do crescimento pessoal e coletivo;
- Momento em que comentam as notícias do rádio, do
jornal ou da televisão. (caderno 2 - P.25)
A ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO E A CRIAÇÃO DE UMA ROTINA
“Construir uma rotina é tecer uma
articulação harmoniosa entre as atividades, no tempo e no ritmo que se
desenvolve o espaço. (Madalena
Freire )
Um grupo se
compõe dentro de uma rotina de trabalho e de vivências que se estrutura
no tempo a partir dos ritmos e marcas particulares. Para instaurar um grupo
harmonioso e produtivo, no qual cada pessoa se sinta atendida em suas
necessidades, é preciso que essa rotina conte com marcas bem definidas,
equilibrando diversidade e constância, o tempo todo. Isto significa que,
mesmo apresentando atividades variadas, o grupo precisa contar com uma
rotina própria. (caderno 2 - P.28)
Ver exemplo de cronograma:
Sequência
Didática: Prática de leitura na EJA
Fonte: Nova escola